Perto Do Coração Selvagem

Foi o romance de estreia de Clarice Lispector (1943). Recebeu o prêmio Graça Aranha e inovou no quesito narrativo explorando a temporalidade não linear e o fluxo da consciência de forma poética. No ano de comemoração do centenário da autora, a obra ganha nova edição pela Editora Rocco.

Joana ficou órfã de mãe muito cedo, tempos depois, o pais também morre e passa a ser criada pela tia (irmã do pai), que não aprecia as atitudes da criança e se sente incomodada com sua presença incomum para o que se espera de uma menina. Assim, a tia decide que o melhor é levar Joana para um internato, onde fica até se tornar adulta.

Joana conhece Otávio, por quem se apaixona e, logo depois, casa-se. Como nem tudo são flores, Otávio mantem uma relação extraconjugal com Lídia, sua ex-noiva, que está grávida. E no meio desse triangulo amoroso, Joana explora o seu íntimo, seu mundo interno. Ou seja, não são os episódios externos que dão o tom da obra, mas a introspecção de Joana frente aos acontecimentos, que, tal como a criança, em suas divagações e isolamento questiona os aspectos que norteia a existência humana domesticada.

A personagem Joana se mostra com os sentimentos selvagens, logo, sentimentos que não podem ser amansados, que são livres, realidade distante do mundo externo repressor, o que torna Joana solitária na busca por si mesma, que, por sua vez, rompe com o estereótipo do ser mulher. Joana é a representação da transgressão da infância a vida adulta ao desafiar com seu coração selvagem a ordem estabelecida.

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