Quem foi Clarice

Batizada Chaya Pinkhasovna Lispector na Ucrânia, onde nasceu, Clarice, naturalizada brasileira, é considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka.

  • Infância e Adolescência

Clarice nasceu em 10 de Dezembro de 1920, durante a fuga que sua família planejava. Tinha duas irmãs mais velhas. Os Lispector queriam fugir da Ucrânia devido ao antissemitismo gerado pela Guerra Civil Russa. Há rumores de que a mãe de Clarice, Mania, teria sido abusada por soldados da Primeira Guerra Mundial e contraído sífilis, o que levaria a sua morte mais tarde. Quando Clarice tinha por volta de 2 anos, sua família conseguiu emigrar para o Brasil, e assim lhe foi dado o nome Clarice. Moraram em Maceió mas, devido a dificuldades financeiras, acabaram procurando melhores condições econômicas em Recife. Clarice dizia não ter nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo" - ela se considerava brasileira e pernambucana.

Desde jovem Clarice apresentou uma pré-disposição à escrita. Quando o estado doente de sua mãe piorou, ela escreveu peças e contos para anima-la. Infelizmente, ela faleceu em 1930. Após a perda, tomou aulas de piano, sendo capaz de compor. Aos doze anos, decidiu ser escritora. Embora difícil, Clarice disse recordar dos momentos felizes de sua infância; e muitas vezes vemos inspirações desses momentos em suas obras. Em 1935, quando Clarice tinha 14 anos, a família se mudou para o Rio de Janeiro.

  • Vida Adulta e Carreira
    • Clarice foi estudar direito na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), com a vontade de reformar as penitenciárias. Porém, logo seu interesse pela área diminuiu, e em 1940 publicou seu primeiro conto, Triunfo, no qual descreve os pensamentos de uma mulher abandonada por seu parceiro.

      No mesmo ano, o pai de Clarice faleceu após uma cirurgia de retirada da vesícula biliar. Ela então foi morar com sua irmã, que já estava casada e ofereceu o quarto de empregada para Clarice. Era lá que a jovem escritora passava seu tempo, estudando e lendo. A imprensa da época era estritamente comandada por homens, fora a censura do governo de Getúlio Vargas, mas esses fatores não impediram Clarice de conseguir publicar seus contos no jornal Vamos Ler!

      Clarice começou a trabalhar como jornalista, como editora e repórter, o que surpreendeu por ser uma mulher em tais cargos. Isso a permitiu viajar e conhecer diversas pessoas, incluindo Getúlio Vargas. Teve um interesse não correspondido por um companheiro de trabalho, Lúcio Cardoso, que era homossexual. Durante todo esse tempo, ia publicando seus contos. Ela também chegou a trabalhar como tradutora.

      Clarice teve contato com a literatura modernista através da leitura de autores como Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade. Nesse ano, Clarice começou a escrever seu primeiro romance, Perto do Coração Selvagem, que foi feito basicamente de escritos separados. Em 1943, o livro foi publicado com impressão de mil exemplares. O livro teve uma aclamação positiva da crítica, mas a comparação com alguns escritores europeus irritaram a autora, que alegou nunca ter lido tais autores. Alguns falaram que Clarice Lispector era um pseudônimo para algum escritor famoso, outros que o "temperamento feminino" estragava a obra. O romance ganhou o Prêmio Graça Aranha de melhor romance do ano.

      A última obra de Clarice anos depois foi o romance A Hora da Estrela, publicado um pouco antes de sua morte.

    • Casamento

    Por volta de 1942, Clarice se apaixonou por Maury Gurgel Valente, um colega universitário de direito. Os dois queriam muito se casar, porém ele era diplomata do Brasil, portanto impedido por lei de se casar com uma estrangeira. Clarice só podia se naturalizar após realizar 21 anos e o processo aproximadamente um ano.

    Em 23 de Janeiro de 1943, onze dias após a naturalização, Clarice e Maury se casaram. No final do ano, ambos se formaram em direito. Como vice-cônsul, Maury se mudou para Belém e Clarice foi com ele, usando a dispensa do trabalho para ler novas obras.

    Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Maury foi transferido para o consulado brasileiro em Nápoles, Itália. Clarice acompanhou o marido, passando por diferentes países até chegar em seu destino. Lá, trabalhou voluntariamente em um hospital que recebia soldados feridos. Clarice recebia e enviava cartas pelos soldados, os ajudando como podia. Adotou um cão vira-lata que encontrou em Nápoles, chamado de Dilermando e que inspiraria alguns textos.

    Clarice demonstrava sentir saudades do Brasil, mas mais uma vez teve que se adaptar às mudanças quando Maury é transferido para a Suíça. Em 1948 e 1953, Clarice tem seus filhos Pedro e Paulo, respectivamente. Pedro é esquizofrênico e Clarice se culpa pela doença do filho.

    Em 1959, Clarice separa-se do marido, já que ela não podia, nem queria, o acompanhar nas frequentes viagens de trabalho. Ela queria focar em sua carreira e cuidar de seus filhos, Pedro precisava de tratamento adequado para sua doença e Paulo estava sofrendo com as mudanças constantes de casa, escola e amigos. Clarice finalmente volta ao Brasil, vivendo permanentemente no Rio de Janeiro com seus filhos.

    • Morte

    Clarice faleceu em 9 de Dezembro de 1977, um dia antes de seu aniversário de 57 anos, devido a um câncer de ovário descoberto tarde demais e inoperável.

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